quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Try again

Pois é... O meu delicioso ritual de acordar às 6 da manhã todos os dias tem muito que se lhe diga. e me questionarem se gostava de focar na cama até o sono terminar por sua própria ordem e vontade claro que responderia que sim! Mas há um gosto especial em acordar cedo. O dia ainda está a começar, o mundo ainda está a despertar e eu tenho o privilegio de assistir à cidade em "despertamento". Não tenho grandes problemas em acordar cedo. Aliás, verdade seja dita, não tenho grandes problemas em acordar. Levanto-me expeditamente da cama, sem grandes espaços para ronha, não me recordo da última vez que acordei de mau humor. Acordo sempre normalissima da vida, bem-disposta, e com energia.

O inconveniente?! Interromper dia após dia o sono que se pretende ser natural, o facto de passar, em média 9 horas do meu dia em frente a um ecrã de computador a ler, a escrever, a produzir documentos, a receber chamadas de 5 em 5 minutos, a orientar documentação, a imprimir e digitalizar documentos, a distribuir papelada e a procurar papiros há muito perdidos e esquecidos. Adocicando as minhas agitadas horas de trabalho estão os conflitos e mesquinhices que envolvem uma grande instituição com falta de recursos, de espaço, e de boa-educação.

Quando piora?! Quando saio do meu local de trabalho, que mesmo já tenso a capacidade de switch off de toda esta bosta, preparando-me para o que realemnte valorizo e tomo como "minha vida" (esposo, familia, amigos, relax, leitura, desporto, estudo, convivio, tranquilidade) deparo-me na situação em que há gente muito mais cansada que eu à minha volta. E lá ando eu, como se estivesse acabado de acordar de um bom sono, de um lado para o outro, bem-disposta, sorridente, activa e não-queixosa.

O resultado?! Ninguém realmente percebe que estou CANSADA e que, dia após dia, combato esse cansaço in order to live. Depois termino o dia com o sentimento de que fiz um pouco de quase-tudo o que gostava de fizesse parte dos meus dias, com a sensação de que fui capaz de conciliar todos esses diferentes campos da minha vida.

O que chateia?! Contarem com a minha energia, falha de queixume e boa disposição, como se fosse minha obrigação andar sempre assim. Como se perdesse o direito a estar cansada, a ter mau humor, a estar mortiça e desanimada.

A solução?! Sinceramente não sei... Deverá passar por me queixar como se faz à boa moda portuguesa. Queixar-me, revoltar-me, vitimizar-me e fazer uso do meu puxado dia para merecer atenção, carinho e apoio. Mas não sou bem assim. Claro que me queixo e desabafo. Mas sempre com leveza e desvalorizando o assunto. Se for eu a primeira a valoriza-lo, serei eu mesma a alimentar a minha letargia. E se não a quero, por que hei-de alimenta-la?

Mas, por favor, não usem o facto de não me queixar como arma contra mim mesma. Não usem o meu esforço de virar o jogo do cansaço para boa-disposição para sugarem a minha energia. Façam vocês o mesmo e virem o jogo!  É possivel ser-se bem disposto e activo, mesmo quando o cenário sugere o oposto. É possivel.

O que sabe bem?! Um dia não ter que precisar de me queixar, nem dizer que estou no limite e preciso de, nesse dia, abrandar um pouco, e ter quem valorize o meu pouco-queixume e me proporcione uns momentos gratuitos de mimo e descontração, sem ser preciso sequer eu levantar a bandeira.

Às vezes é bom sentir que podemos sair do leme por que alguém o segura com toda a abnegação e firmeza com que nós mesmos fariamos.

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