terça-feira, 10 de setembro de 2013

"Viva os seus sonhos!"

Larguei a mão para cair no sono. Sonhei que, mais uma vez, o trato do meu coração tinha sido descuidado. Doeu. Gritei muito no sonho. Era noite fria e chuvosa. Nunca se fez dia, ainda que me recordo de, no sonho, me deitar para dormir. E voltava a acordar para a noite.
  No meu sonho não tinha mais ninguém (sintomático da realidade). Não tinha para onde ir, não tinha quem me acolhesse, não tinha como sair dali. E também por isso fiquei. Fiquei a primeira noite depois de ter descoberto a traição. E ele ia embora na noite seguinte. Fiquei por que o coração e a cabeça levam tempo a perceber que tudo mudou. Levam tempo a aceitar o desaparecimento de alguém nas nossas vidas. Também por isso fiquei, tinha de me despedir, tinha de perceber que era ali que tudo terminava. Lembro-me de gritar no meu sonho! De gritar muito! De chorar e sentir a perda. De saber que nada podia fazer. De saber que o tinha perdido por que o meu prórpio coração não aceitaria ficar. Ainda que o quisesse tanto.
  Tinha deixado a minha casa para ir viver com ele. Gritei várias vezes que não tinha para onde ir, mas me era impossivel ali ficar. Aqui entendi uma coisa muito importante. O desamparo e abandono doiam, mas não mais que a traição e a obrigatoriedade de deixar quem jamais queria largar. Doia o olhar desta pessoa, de indiferença fingida, de frieza dissumilada enquanto os seus olhos se enchiam de lágrimas para logo em seguida rematar com racionalidades. Admitir o erro e pedir perdão? Empatizar-se com o facto de ter pegado no meu coração e o ter rasgado em pedaços miudos? Jamais.
  Cada grito meu pretendia exorcisar a dor e a luta que ia dentro de mim: não quero ir, não quero que vás, quero apagar tudo isto, mas não consigo, mas não é possivel. A luta das dualidades injustas e dolorosas. Acho que chorei para lá do sonho, creio que gritei para lá do sonho.
  Não quero saber o que dizem, para mim a realidade de um sonho é simples: se o estivemos a viver, ele aconteceu para nós! Por isso esta noite fui traida, magoada, mal tratada e abandonada.
  Obrigada inconsciente! Até uma dor assim pode ser construtiva. Espero que o teu escape de hoje te tenha aliviado as memórias, as mágoas e as recordações. Ambos sabemos que, neste dia aqui no plano real, irá doer da mesma forma, mas seremos capazes de sorrir de novo.
 

Hold on and let it go

  Era o seu braço direito que me abraçava. Passava por baixo do meu pescoço e enrolava-se pousando a mão no meu ombro direito. Eu ficava abraçada, encostada no seu peito, à espera de adormecer. A minha mão esquerda segurou na sua direita, pousada no meu ombro. Só entendi que estava a segura-la com bastante força quando comecei a sentir as suas pulsações na mão, como se a minha mão estivesse a cortar a circulação da sua. Neste momento já estava num estado quase adormceida. Instintivamente a minha mão aliviou a pressão, para depois relaxar progressivamente escorregando vagarosa e pausadamente como se a cada par de pulsações fosse perdendo mais e mais força.
  Estava consciente mas adormecida o suficiente para assistir a tudo como espectadora. A minha mão foi escorregando, relaxando, libertando-se de força e perdendo a mão dele. Pensava "hold on...hold on...he is the one you love and his hand on yours feels like the best thing in the world". Sim, muitas vezes penso em inglês! Quando a mão não obedeceu ao comando pensei "I almost forgot that this is life: hold on and let it go!". And so I let it go! Although I didn't want to.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Os verdadeiros amigos

É tão bom estar num friendly coffee e a outra pessoa começar a tua frase e terminar o teu pensamento. Chegar ao ponto em que ficamos calados a ouvir esta pessoa falar por nós e descrever o que sentimos e pensamos muito melhor do que eu seria capaz de o fazer.
Sabem como se chama a isto?? Verdadeira amizade! Alguém que não precisa estar todos os dias connosco para nos conhecer desta forma. E nos amar assim, tal qual como somos!
Fico muito feliz de ter vários amigos assim :)

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

A cura

Há quem chegue a determinado patamar da sua vida e perceba que, ao olhar para trás, toda a sua vida foi feita de decisões que, apesar de suas, foram influenciadas e tremendamente pressionadas por outros. Em grande parte, a familia (como era de esperar).

Quando uma pessoa se sente infeliz e percebe que, a sua vida foi subtilmente (ironia) conduzida por mãos no leme que não as suas, a revolta nasce. Conheço esta revolta! Conheço o sufoco de querermos fugir de algo que nos faz, efectivamente, mal e não termos qualquer apoio para seguir noutra direcção. E, como consequencia disso mesmo, falta-nos o apoio, a logistica e a coragem para abandonarmos um caminho que já nos é conhecido e por isso tomamo-lo como estável, para um outro caminho de incertezas, surpresas e instabilidade, ainda mais sem qualquer suporte logistico e emocional dos que mais nos são proximos. Meu Deus, como a dor e a revolta é tremenda! Chegamos a ter a certeza que aqueles que deveriam ser os elementos que mais nos deveriam amar e querer bem, são exacta e precisamente aqueles que nos estão a amarrar ao que nos faz infeliz e a bloquear um caminho que queremos percorrer e que vislumbramos de felicidade.

Em retrospectiva agrada-me perceber que existem duas grandes decisões na minha vida que "adaptei" em função do que me foi dito que seria o melhor para mim. Confesso que não as senti realmente no meu coração como decisões certas mas, tomei-as como sendo realmente as mais acertadas por ouvir as vozes daqueles que tomo como sendo os que mais me amam e me querem melhor.
Talvez pela natureza do meu ser, pela minha necessidade de ser independente, pela minha persistência e casmurrice quando se trata na gerência da minha vida, as decisões que agora identifico como "decisões influenciadas" (chamemos-lhe assim) foram decisões "intermedias, ou seja, foram negociações ponderadas entre o que realmente eu queria e o que, suibtilmente, a minha familia me levou a fazer. Digo subtilmente por que sendo eles conhecedores do meu génio de determinação, sabem bem que só poderiam manipulara minha decisão em pequena percentagem e, assim, dentro do campo da minha decisão, convenceram-me que poderia modificar nuances para meu proprio bem. Nuances que, anos volvidos, se percebem que são bem mais que isso.

Entristece-me olhar para estas decisões e para o destino onde me trouxeram. Entristece-me, revolta-me, doi-me. E depois sigo em frente. Até doer outra vez!

Imagino só quem, por motivos diversos e todos eles válidos (assim o vejo), tomou grandes e repetidas decisões na sua vida com base na pressão da sua familia. É um sofrimento continuado e uma revolta dificil de gerir.
Ainda assim, é possivel fazerem-se as pazes com quem  nos roubou o leme e connosco proprios por o termos permitido.

É possivel resolver a dualidade encarcerada em nós da nossa voltade cedida em prol da opiniao de outrem, e o sentimento de alivio e desresponsabilização que isso nos trouxe no momento.

  Não nos podemos é esquecer que, apesar de toda a dor e revolta que nos traz uma retorspectiva da nossa propria vida, desprovida de sentimento de realização e comando, sentindo quase que não a vivemos como desejavamos, que toda uma vida (a nossa) foi vivida como que por alguém que não nós, ao sabor de uma maré que desconhecemos, mas contra a qual também não lutamos, alimenta um vazio brutal em nós.
 
 E (aqui fica o essencial da cura!) quando nos deixamos levar por este vazio; tomando refugio nele como desculpabilização de toda a nossa dor e sentimento de impotência; como desculpa e refugio de toda a nossa revolta e incapacidade de aceitação que assim foi e é a nossa vida,; quando, por estes condicionamentos que nos foram ensinados ao longa da vida, sentimos que é dificil ou inutil agarrar o leme da nossa vida; quando assim é e quando continuamos a tomar decisões (nossas!) mas ainda dependentes destes condicionamentos, estamos a perpetuar o ciclo que, em primeira instância provocou todo este vazio. Estamos, de forma indirecta, a atribuir e perpetuar poder a quem nos roubou a vida em primeiro lugar por que as nossas decisões continuam a ser tomadas nos moldes que nos foram impostos.

  E assim, estamos a alimentar o problema, snedo incapazes de sermos pessoas decididas, firmes, mas amorosas, tranquilas e flexiveis perante as surpresas que a vida vai, aleatoriamente, trazendo. Acreditamos que não somos fortes o suficiente para tomar o leme da nossa vida por que alguém sempre tomou esse lugar por nós.

  Acreditemos então que somos capazes! Por que somos! Não perpetuemos o ciclo contra o qual nos revoltamos. Tomemos as redeas! Valorizemos o que temos de bom, alimentemos as nossas relações de amor, não procuremos a cura em todo o canto, esquina, cão ou pessoa. A cura não está lá fora: está dentro de nós. E cada "decisão certa", de amor e rectidão que tomamos, é um comprimido que tomamos para alivio e cura da dor. O oposto são meros alimentos e adubos daquilo que pretendemos fugir.

  A cura passa pelo prazer duplo de tomarmos a decisão acertada que o nosso coração grita e pelo prazer de estarmos a aniquiliar, aos poucos, parte do vazio.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A pura das Verdades

Um dia, um grande amigo meu disse-me:
- Bolas, não sejas daquelas quarentonas amarguradas com a vida que passam o tempo interio certas do que não querem. Tão certas, tão certas que só pensam e dizem o que não querem que é exactamente isso que atraem. E depois usam a desculpa da "vida" para justificarem serem infelizes e amarguradas.

Este meu amigo é dotado de uma magia e sabedoria que me fazem ama-lo com todo o meu coração de uma forma desprendida e pura, ambos certissimos de que somos amigos de alma, impossiveis de separar, ainda que longe um do outro em termos espaciais ou temporais. Amor tão certo e puro que não há "maldade" ou intenções ocultas ou de qualquer cariz que não seja só amizade (sim, isto existe de verdade!).

E este meu amigo tem toda a razão! Passo a explicar: acabo de almoçar "por engano" numa mesa com três mulheres mais velhas: uma em processo de divórcio, outra divorciada e outra prestes a oficializar noivado.
A que está prestes a ser pedida em casamento atende o telefone e começa a conversa com "Está meu amor?!" e termina o telefonema a dizer "Não sejas louco, já te disse que não quero que faças pedido nenhum! Tu tem juizo, por favor!". Desliga a chamada e esclarece-nos que sabe que o namorado tem o pedido preparado mas que não quer que ele o faça por que não quer casar!
- Tive uma relação anteriormente que não correu bem. O meu namorado é dedicadissimo e até acho que gosta mais de mim que eu dele. Dedica-se mais a esta relação que eu! Eu gosto dele mas estou escaldada da minha relação anterior. Sei lá se quero agora casar... Se bem que corre tudo espetacular com o B. Mas sei lá...tenho medo!

A que está em processo de divórcio começa a palestra de que são todos iguais e que a amiga realmente não deve casar! Que é uma parvoice e são só ilusões e que a verdade é que não vale a pena.
- Não sabes tu naquilo em que te vais meter! Deixa-te mas é de coisas, rapariga!

A divorciada confirma a palestrante anterior. Os homens são realmente não prestam! O dela traiu-a várias vezes enquanto ela ficava em casa a cuidar da casa, a lavar-lhe a roupa e a cuidar das crianças.
- Agora só uso a cabeça. Acabou-se o coração! Agora só estou com alguém por cabeça! Do meu coração não sai mais nada.

Aqui fiquei a meio de uma dentada. Tive de pousar a minha sandes quando o discurso continuou e agravou, sempre na mesma linha de desdém pelos homens e orgulho em se ter tornado uma pessoa fria e calculista no que toca aos homens, declarando que não estava com mais nenhum homem por gostar, mas só por interesse, por que "agora é a cabeça que funciona, por que sei muito bem como eles são, e sei muito bem o que não quero!". Aqui encostei-me na cadeira por que já estava demasiadamente incomodada.

Na verdade, senti incomodo pelo teor da conversa e senti pena desta pessoa. Verdadeira compaixão por a vida a ter feito passar por tanto, ao ponto da mesma se encontrar nesta situação de declarar isto com orgulho. Entristeceu-me e doeu-me saber que tinha sido tão magoada, afinal todas nós já fomos e sabemos bem o quanto dói. Mas não pude deixar de me lembrar das palavras do meu amigo. Ele tem razão. A vida amargura MUITA gente e, para quem não conseguir dar a volta, este é o lugar onde se chega.

Fará a vida sentido quando não acreditamos ou nos permitimos mais amar? Por que acreditamos tão pouco que sentir é bom? Sentir o bom e o mau! Sentir é grande parte do que temos.

Não me irei focar no que não quero. Não irei ser amarga. Assim, irei sempre ser uma pessoa que, apesar das desavenças da vida, irei sempre acreditar que o amor, o carinho e doçura fazem de nós seres maravilhosos. Acho a amargura feia e castradora.

Scene #625

E.- Hey, por que é que és assim? Por que é que fazes sempre o mesmo?

Ele (com cara de quem é apanhado desprevenido para mais uma discussão) - O que foi agora? Diz lá!

E.- Por que é que me roubas sempre a minha t-shirt de dormir? É por que é do Tintim não é? Tens de me roubar sempre as t-shirts? (repare-se que o oposto é o que acontece na realidade: não há melhor pijama que as t-shirts do nosso homem!)

Ele (com sorriso discreto e voz tranquila) - Não S.! A tua t-shirt está em cima da cama, dobradinha debaixo da minha!

Eu Speechless !

Não vos sei descrever o contentamento que senti. Foi felicidade, vos garanto! Preciso de tão pouco para ser feliz! Cá está: só preciso que o meu homem pegue na minha (dele) t-shirt de dormir, dobre e coloque junto à dele, como se ali fosse o seu lugar indubitavel.
Fui vestir a t-shirt e voltei com ela vestida para lhe dar um abraço.
Não contem a ninguém, fica aqui entre nós, mas apeteceu-me chorar um pouquinho de felicidade. É e tão bonito que existam pequenos gestos de união e carinho entre duas vidas que se juntaram por benção do destino. E é lindo sentir em mim que preciso de tão pouco para ser feliz.
Gestos grandiosos são bonitos, mas os mais pequenos e dedicados fazem TODA a diferença.

Try again

Pois é... O meu delicioso ritual de acordar às 6 da manhã todos os dias tem muito que se lhe diga. e me questionarem se gostava de focar na cama até o sono terminar por sua própria ordem e vontade claro que responderia que sim! Mas há um gosto especial em acordar cedo. O dia ainda está a começar, o mundo ainda está a despertar e eu tenho o privilegio de assistir à cidade em "despertamento". Não tenho grandes problemas em acordar cedo. Aliás, verdade seja dita, não tenho grandes problemas em acordar. Levanto-me expeditamente da cama, sem grandes espaços para ronha, não me recordo da última vez que acordei de mau humor. Acordo sempre normalissima da vida, bem-disposta, e com energia.

O inconveniente?! Interromper dia após dia o sono que se pretende ser natural, o facto de passar, em média 9 horas do meu dia em frente a um ecrã de computador a ler, a escrever, a produzir documentos, a receber chamadas de 5 em 5 minutos, a orientar documentação, a imprimir e digitalizar documentos, a distribuir papelada e a procurar papiros há muito perdidos e esquecidos. Adocicando as minhas agitadas horas de trabalho estão os conflitos e mesquinhices que envolvem uma grande instituição com falta de recursos, de espaço, e de boa-educação.

Quando piora?! Quando saio do meu local de trabalho, que mesmo já tenso a capacidade de switch off de toda esta bosta, preparando-me para o que realemnte valorizo e tomo como "minha vida" (esposo, familia, amigos, relax, leitura, desporto, estudo, convivio, tranquilidade) deparo-me na situação em que há gente muito mais cansada que eu à minha volta. E lá ando eu, como se estivesse acabado de acordar de um bom sono, de um lado para o outro, bem-disposta, sorridente, activa e não-queixosa.

O resultado?! Ninguém realmente percebe que estou CANSADA e que, dia após dia, combato esse cansaço in order to live. Depois termino o dia com o sentimento de que fiz um pouco de quase-tudo o que gostava de fizesse parte dos meus dias, com a sensação de que fui capaz de conciliar todos esses diferentes campos da minha vida.

O que chateia?! Contarem com a minha energia, falha de queixume e boa disposição, como se fosse minha obrigação andar sempre assim. Como se perdesse o direito a estar cansada, a ter mau humor, a estar mortiça e desanimada.

A solução?! Sinceramente não sei... Deverá passar por me queixar como se faz à boa moda portuguesa. Queixar-me, revoltar-me, vitimizar-me e fazer uso do meu puxado dia para merecer atenção, carinho e apoio. Mas não sou bem assim. Claro que me queixo e desabafo. Mas sempre com leveza e desvalorizando o assunto. Se for eu a primeira a valoriza-lo, serei eu mesma a alimentar a minha letargia. E se não a quero, por que hei-de alimenta-la?

Mas, por favor, não usem o facto de não me queixar como arma contra mim mesma. Não usem o meu esforço de virar o jogo do cansaço para boa-disposição para sugarem a minha energia. Façam vocês o mesmo e virem o jogo!  É possivel ser-se bem disposto e activo, mesmo quando o cenário sugere o oposto. É possivel.

O que sabe bem?! Um dia não ter que precisar de me queixar, nem dizer que estou no limite e preciso de, nesse dia, abrandar um pouco, e ter quem valorize o meu pouco-queixume e me proporcione uns momentos gratuitos de mimo e descontração, sem ser preciso sequer eu levantar a bandeira.

Às vezes é bom sentir que podemos sair do leme por que alguém o segura com toda a abnegação e firmeza com que nós mesmos fariamos.

domingo, 1 de setembro de 2013

The circle

Quem se conhece perdido e descontente enquanto forma de ser procura pessoas leves, animadas, positivas onde possa ir buscar forca e onde possa beber algum alivio. Precisa de se rodear destas pessoas por que no fundo as inveja e admira em proporcoes dificeis de definir. Temporariamente resulta. Temporariamente encontram nestes ambientes refugio e escape de mesmos. Mas a longo prazo a alegria e descontracao passa a soar a futilidade e passa a aer pesado para quem, ainda que neste ambiente, nao consegue integrar em si estes sentimentos. Aí come a o sentimento de desadequacao: afinal nao sou assim , nao pertenco a este grupo.
A leveza que,inicialmente, se procurava torna-se o maior peso.
Depois procura-se alguem com estrutura sentimental semelhante no intuito de se voltar a identificar com alguem, de nao se sentir o unico infeliz num grupo de festeiros; no intuito de nao se sentir ainda mais perdido e sozinho, sendo a unica diferenca a companhia de pessoas que, por mais que tente, nao se enquadra.
Mas as companhias emocionalmente similares a si proprio sao conforto e desabafo perfeitos, mas usualmente, nao sao impulsionadoras de mudanca positiva. Corre-se smp o risco de aerem esses amigos confortaveis a nos levarem a mergulharmos mais fundo no nosso miseravel fundo emocional.
Onde fica o equilibrio entao?!
Eu explico-vos: o equilibrio reside nas pessoas que ja passaram por muito, que ja conheceram o fundo do poco e que, por aua propria forca e decisao, decidiram subi-lo, abandona-lo. A solicao reside em procurarmos pessoas que poderiam passar o dia a queixar-ae e vitimizar-se por toda a miseria da sua vida, mas nao o fazem. Sao essas as pessoas que sao os pilares da sociedade, mesmo que passem totalmente despercebidas. Sao essas as pessoas que conseguem estar de forma confortavel num grupo festeiro, fazendo parte da festa, sem se esquecerem que a vida nao ae rese aquilo so. Sao as pessoas que param quando veem alguem a chorar por que conhecem a sensacao de chorar sozinho. Sao as pessoas que te puvem, empatizam com a tua dor mas nao te deixam ficares vitima dela. Sao as pessoas que te abracam para depoia te darem uma palmada nas costas para que saias desse dark place e sigas a tua vida. Sao as pessoas que nao abanam a caneca durante octeu desabafo e nao te dizem smp que estas certo so por que e isso que queres ouvir. Sao as pessoas que muitas vezes as sentes como chatas por que estao smp a puxar pelo melhor que ha em ti, mesmo que isso passe por te confrontares com as dores e marcas que estao em ti desde smp e que constantemente quiseste arrumar debaixo do tapete. As xs fazem nos sentir pressionados por que temos
Medo de nao estarmos a altura de dar a volta ao que aentimos, de ultrapassarmos o nosso abismo.
Sao so medos. Sao so medos legitimos! Ultrapassaveis - a reter!
Nao se podem esquecer que sao tambem essas pessoas fantasticas que por xs precisam do anraco e danpalmada nas costas que um dia ja nos deram.

all my life, all along

Toda a minha vida desejei encontrar alguém realmente amasse e que me amasse em retorno. Alguém que fosse a continuação de mim mesma sem anular, e que o contrário acontecesse.
Em Fevereiro, quando a minha vida sofreu um "quantum point" o meu mais sincero e profundo desabafo com o meu amigo de alma foi "só queria ser amar e ser amada, sem que alguma complicação quotidiana abalasse tal cenário. Só isso!". A resposta foi simples "Já és e já amas, talvez só ainda não tenhas percebido!:)"

Estava a regressar de um fim-de-semana em Lisboa  (típicas e necessárias fugas quando o sentimento de sufoco da minha aldeia se torna insuportável). Duas horas depois, ao regressar à minha aldeia, abre-se uma nova porta na minha vida.

Talvez o problema não seja não ser amada. Talvez o problema não seja não amar. Talvez o problema seja não sermos fortes o suficiente para perceber que todos os problemas quotidianos são só isso mesmo: nuances passageiras. Deixamo-nos levar por elas, procuramos cura e aventura em novas oportunidades que nos surgem (e porque a galinha da vizinha é sempre melhor que a minha), e alimentamos estas fantasias, estes escapes como se eles fossem boias de salvação de algo que, se for levado com dedicação e respeito, não precisa sequer de ser salvo.

Tolstoi escreveu que, na hora da morte do juiz, este perguntou à sua esposa "E se toda a minha vida foi um erro?". Claro que não foi Meritíssimo. Claro que não foi! Se não a tivesse vivido da forma que viveu, dedicado à família, à sociedade e à justiça, a sua história de mérito nunca teria sido contada.

Histórias de vidas erróneas podem-se perpetuar, mas como exemplos de quem tudo poderia ter e nada aproveitou. Histórias de inspiração perpetuam-se como exemplos e esperança.