domingo, 20 de junho de 2010

hoje finjam que nem sequer existem no meu mundo, por favor.
hoje parece-me um excelente dia para acabar com tudo!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Não podia ter tido pior pesadelo. Ele estrangulava-me e eu olhava-o nos olhos e dizia-lhe (quase sem voz) que não conseguia respirar, pedia-lhe para ele acordar da psicose em que estava mas ele não acordava! Foi preciso o meu corpo cair morto nas suas mãos para ele perceber que me tinha matado. Ele matou-me mas eu sobrevivi! De alguma forma voltei a acordar e sobrevivi para ver a dor nos olhos dele, a dor de ter acordado do seu marasmo e, finalmente, perceber que estava no seu limite!

Doeu-me mais ver os seus olhos sem vida do que o facto dele me ter matado.

Tentei ajuda-lo, chorei-lhe as minhas dores, tentei a empatia mas a alma por detrás daqueles olhos continuava morta! Afinal tinha sido ele a morrer...

Quando acordei, abri os olhos e olhei o quarto que nem era o meu: agora durmo onde posso. Acordei para perceber que na verdade ele tinha morrido!!!! Acordei para perceber que ele morreu!!! Acordei para perceber que afinal não sonhava!!! E ao saber que ele estava morto, também eu morri.

Ainda hoje morreste diante dos meus olhos, e já tenho saudades tuas!

You are only on the OUTside

A grande lição que a vida já me deu e que eu já aprendi é que nunca podemos achar quea vida dos outros é melhor que a nossa!
Sorrisos bonitos, corpos fantásticos, carros com estilo, amigos divertidos, viagens de sonho, roupas da moda, simpatia contagiante, discurso empolgante: conjunto gritante !
Mas por detrás de tudo isto só Deus sabe o que vai !
Não invejo nada do que é dos outros! Não quero saber de sorrisos bonitos, nem de corpos invejaveis, nem de bombas estilosas ou de viagens ou de porcaria nenhuma... no meu nivel de realidade estas coisas não existem, estas coisas NÃO EXISTEM!
Não quero nada do que os outros tenham. Quero a minha vida, à minha maneira. Adoro tudo o que tenho e não falo de carros, nem de corpos, nem de sorrisos ou viagens: falo de mim ao meu nivel, falo dos que moram no meu coração!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Memories....


A memória do ser humano pode ser traiçoeira.


Nesta fase da minha vida gostava de poder esquecer certas atitudes, certos ditos de certas pessoas, mas estou certa de que isso não irá acontecer. Não guardo raiva, não é uma questão de perdão ou não perdão, não é uma questão de cobrança ou falta de afectividade, mas simplesmente uma questão de dor!


Sim, há atitudes que fazem doer. Tal como aprendi recentemente, grande parte dos sentimentos são coisas exteriores, algo que não tem localidade, que paira no ar, que anda por aí, ou seja, é algo que em grande parte nos é exterior, que nos é provocado pelos outros, pelos acontecimentos que ocorrem à nossa volta... Claro que, sendo nós seres sensíveis e dotados de percepção, tomamos o que acontece à nossa volta como sendo algo nosso, algo que nos afecta. Isto para concluir que, esta dor não tem começo em mim, não fui eu que a originei, ela na realidade paira no ar. Não quer dizer que os outros a tenham criado, eles só agiram como tinham de agir, eu é que encaixei esse sentimento na minha realidade. Peguei nessas atitudes e na energia que elas continham e encaixei-as como dor no meu mundo.


O que isto tem haver com memória???? Eu explico: estou certa de que não me recordarei mais destas atitudes nem desta dor até ao momento em que essas pessoas me exigirem o que eu lhes pedi agora! Aí, lembrar-me-ei de tudo isto ! Irá doer de novo e irei, mais uma vez, perceber o quão irónico o Universo é! E eu não me quero lembrar mais disto... assim, a memória é traiçoeira: esquecemo-nos muitas vezes do que é importante mas não conseguimos esquecer o que queremos que desvaneça!

quarta-feira, 9 de junho de 2010



Se viajar dentro de mim agora encontrarei um vazio. Um enorme vazio.


Imagino-me diminuida numa escala absurda, onde é possivel ficar dentro de uma nave do tamanho de um feijão. Aí viajo dentro de mim e flutuo num vazio de negro enorme. Como uma particula a vaguear no universo, mas este é finito.


Mas este não é um vazio admirável, não é um vazio qualquer, não é um vazio vazio. É um vazio pesado mas não denso. Um vazio carregado de dor. Uma dor aguda, que procura preenchimento mas que está ciente que nada o preenche!


Este vazio doi. Este vazio doí-me tanto!


Preciso de um abraço. De um abraço confortável onde poderei chorar sem vergonha ou contenção. Um abraço onde possa adormecer sem preconceito. Preciso de um abraço mutuamente sentido. Nem que fosse só hoje!


O vazio continua e sei que o vazio continuará ! E sei que, mesmo sonhando com este abraço curativo, ele só não existe porque assim criei o meu mundo. Longe de tudo, longe de todos. Fechada no meu mundo, onde me posso proteger, onde me posso esconder, onde atrás da minha dor me protejo de qualquer outra dor que possa surgir! E de que importam afinal as minhas muralhas se, num cambio de dor por dor, tudo me continua a doer?

sexta-feira, 4 de junho de 2010



Parece-me ironicamente inadmissível a situação a que assisto (na realidade, não assisto, vivo na pele, mas parece sempre muito mais objectiva uma queixa de indignação se formos elementos imparciais, pelo que o 'assisto' soa bem melhor). Enfim, perdi-me no adjectivo 'inadmissível' quando na verdade pode-se chamar também escandaloso.





Já referi que trabalho numa unidade de saúde, serviço de urgência. Aqui entra tudo ! Tudo, mesmo antes de se saber o que é!


Claro está que estamos exposto a todo o tipo de doenças, viroses, bactérias e tudo mais.


Claro está que trabalhamos no meio da loucura, do stress, da emoção, da adrenalina, da dor, da insatisfação, da surpresa, da morte, etc.


Claro está que trabalhamos por turnos, de forma a manter o horário que é exigido a uma urgência: 24 horas de funcionamento!


Exceptuando os encerramentos permanentes e economicamente justificados, feitos pelo recentemente pelo Estado Português, NUNCA vi esta urgência encerrar, quer para férias, quer para balanço, quer para obras, quer para desinfecção (sim, mesmo quando esta ocorre é efectuada por sectores, mas sempre com as portas abertas!).


Claro está que trabalhamos TODOS que nos fartamos, claro está que saimos daqui de rastos quando no dia a seguir temos de voltar para o mesmo campo de guerra (muitas vezes com um descanso inferior a 8 horas entre turnos, sim porque temos de estar prontos para assistir e atender qualquer pessoa, qualquer uma que seja, sem qualquer tipo de discriminação em relação ao que quer que seja, porque todos temos direito a assistência médica, mesmo que estas sejam as pessoas que mal dizemos sistema de saúde, nos insultam, nos agridem e nos chegam a ameaçar de morte! continuando-nos a caber a nós manter a calma, o respeito e o cuidados ao respectivo).





Depois de todas estas clarividencias, parece-me a mim que ainda mais claro está que fui premiada (mais uma vez) com um bicharoco que há cerca de 7 dias se instalou no meu sistema, sem pedir autorização, provocando-me dores de garganta como até então desconhecia, febre, dores de cabeça, dores musculares, vómitos, falta de apetite, perda de peso e tosse. O bicharoco malvado estava a levar a melhor de mim quando decidi, ao segundo dia (no mesmo em que perdi a voz e percebi que isto poderia ser mais que uma gripe) deixar o ben-u-ron e falar com a médica. Esta prescreveu um antibiótico. O antibiótico foi tomado, as dores e afonia continuam e aqui estou. Praticamente na mesma!





Até aqui dá para entender o meu desagrado ou tristeza, já que é da minha saúde e bem estar que se trata. Mas o que escandalosamente me indigna é o facto de estar neste estado e não me ser reconhecido o direito a colocar baixa médica, uma vez que se o faço não há pessoal suficiente para garantir o serviço. O que me indigna é trabalhar para o Estado, defender a sua honra através da imagem deste serviço, tendo todo o brio, cuidado e simpatia no meu serviço. Trabalhar para um Estado que se diz de 'direito', um Estado que assina e aprova o Código do Trabalho e os direitos dos trabalhadores e é o primeiro a não os cumprir. Não se cumprem os horários de descanso durante os turnos porque se tem de dar resposta aos utentes e familiares; não se cumprem o número de folgas a gozar; não se cumprem o pagamento de horas extraordinárias, que são feitas mas que não são pagas; não se cumprem regras de segurança e higiene no trabalho; não se garante (nem de perto, nem de longe) a protecção da nossa saúde e integridade física mas também não nos é atribuído nenhum subsidio de risco; não são cumpridas as regras no que toca à mudança de turnos; não se admite mais pessoal devido à crise e à consequente e imperativa redução de custos...





Sei que estamos numa fase terrível, sei que esta é a realidade, que a culpa não é do Sócrates, dos capitalistas ou dos anarquistas: é de todos e de ninguém! Mas, POR AMOR DE DEUS, não voltemos à exploração laboral, não recuemos ao ponto do próprio Estado que impõe e coage para que as suas regras sejam cumpridas seja o primeiro a ser-lhes desleal, colocando em causa a saúde física e psíquica dos seus funcionários.