quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A pura das Verdades

Um dia, um grande amigo meu disse-me:
- Bolas, não sejas daquelas quarentonas amarguradas com a vida que passam o tempo interio certas do que não querem. Tão certas, tão certas que só pensam e dizem o que não querem que é exactamente isso que atraem. E depois usam a desculpa da "vida" para justificarem serem infelizes e amarguradas.

Este meu amigo é dotado de uma magia e sabedoria que me fazem ama-lo com todo o meu coração de uma forma desprendida e pura, ambos certissimos de que somos amigos de alma, impossiveis de separar, ainda que longe um do outro em termos espaciais ou temporais. Amor tão certo e puro que não há "maldade" ou intenções ocultas ou de qualquer cariz que não seja só amizade (sim, isto existe de verdade!).

E este meu amigo tem toda a razão! Passo a explicar: acabo de almoçar "por engano" numa mesa com três mulheres mais velhas: uma em processo de divórcio, outra divorciada e outra prestes a oficializar noivado.
A que está prestes a ser pedida em casamento atende o telefone e começa a conversa com "Está meu amor?!" e termina o telefonema a dizer "Não sejas louco, já te disse que não quero que faças pedido nenhum! Tu tem juizo, por favor!". Desliga a chamada e esclarece-nos que sabe que o namorado tem o pedido preparado mas que não quer que ele o faça por que não quer casar!
- Tive uma relação anteriormente que não correu bem. O meu namorado é dedicadissimo e até acho que gosta mais de mim que eu dele. Dedica-se mais a esta relação que eu! Eu gosto dele mas estou escaldada da minha relação anterior. Sei lá se quero agora casar... Se bem que corre tudo espetacular com o B. Mas sei lá...tenho medo!

A que está em processo de divórcio começa a palestra de que são todos iguais e que a amiga realmente não deve casar! Que é uma parvoice e são só ilusões e que a verdade é que não vale a pena.
- Não sabes tu naquilo em que te vais meter! Deixa-te mas é de coisas, rapariga!

A divorciada confirma a palestrante anterior. Os homens são realmente não prestam! O dela traiu-a várias vezes enquanto ela ficava em casa a cuidar da casa, a lavar-lhe a roupa e a cuidar das crianças.
- Agora só uso a cabeça. Acabou-se o coração! Agora só estou com alguém por cabeça! Do meu coração não sai mais nada.

Aqui fiquei a meio de uma dentada. Tive de pousar a minha sandes quando o discurso continuou e agravou, sempre na mesma linha de desdém pelos homens e orgulho em se ter tornado uma pessoa fria e calculista no que toca aos homens, declarando que não estava com mais nenhum homem por gostar, mas só por interesse, por que "agora é a cabeça que funciona, por que sei muito bem como eles são, e sei muito bem o que não quero!". Aqui encostei-me na cadeira por que já estava demasiadamente incomodada.

Na verdade, senti incomodo pelo teor da conversa e senti pena desta pessoa. Verdadeira compaixão por a vida a ter feito passar por tanto, ao ponto da mesma se encontrar nesta situação de declarar isto com orgulho. Entristeceu-me e doeu-me saber que tinha sido tão magoada, afinal todas nós já fomos e sabemos bem o quanto dói. Mas não pude deixar de me lembrar das palavras do meu amigo. Ele tem razão. A vida amargura MUITA gente e, para quem não conseguir dar a volta, este é o lugar onde se chega.

Fará a vida sentido quando não acreditamos ou nos permitimos mais amar? Por que acreditamos tão pouco que sentir é bom? Sentir o bom e o mau! Sentir é grande parte do que temos.

Não me irei focar no que não quero. Não irei ser amarga. Assim, irei sempre ser uma pessoa que, apesar das desavenças da vida, irei sempre acreditar que o amor, o carinho e doçura fazem de nós seres maravilhosos. Acho a amargura feia e castradora.

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