sábado, 23 de janeiro de 2010

O Deserto


Confesso, foram as esotéricas leituras de Paulo Coelho que me suscitaram a vontade de conhecer o deserto por tempo prolongado. Alinhei nestas leituras bem cedinho mas lembro-me como hoje (e agora sim a memória me falha pois não sei ao certo em qual dos seus livros foi) de um episódio em que Paulo e a sua mulher estavam no deserto, a derreter com o calor quando lhes irrompeu uma enorme vontade de se despirem (na tentativa de acalmar o calor, dizia ele). E afinal, quem lá estava para os criticar??? Estavam no deserto e o deserto estava realmente deserto!


Quando o fizeram Paulo Coelho descreve a sensação de liberdade que isso lhe deu, que rapidamente se transformou numa preguiça que os levou a se deitarem na areia. O céu azul e o Sol incandescente. Começaram os dois a sentir aquela preguiça a transformar-sem em algo mais, numa inercia sem precedentes. O sono começou a apoderar-se deles. Um sono calmo mas pesado, uma sensação de calma e descanso.


Foram acordados, sem Paulo saber precisar quanto tempo depois, por alguém do deserto. Afinal não era assim tão deserto. Numa língua a ele imperceptivel o homem pediu para eles se vestirem. Paulo achava que pela 'indecência' que a nudez lhe poderia parecer e, com toda a calma e moleza do mundo, quase como quem não sente o seu corpo tão embevecido por um cansaço sem explicação, se vestiram.


Mais tarde Paulo percebeu que era assim que se morria no deserto. O calor apoderava-se dos corpos, o cansaço pesava, o sono não os deixava escapar e finalmente assim se 'adormecia' no deserto para não mais acordar !


E não me perguntem porque este excerto me tocou tanto. Não me perguntem porque desde aí tenho o sonho de conhecer o deserto. Talvez porque o associe a uma calma, a uma paz fora do normal. Até na morte...


Agora li Miguel Sousa Tavares (meu amor) e definitivamente identifiquei-me com o deserto!

Ele mostrou-me realmente a viagem espectacular que o deserto pode proporcionar e não falo só da viagem paisagistica... falo mais ainda da viagem interior.


Apaixonei-me de tal forma pelo livro do Miguel Tavares, apaixonei-me tanto pela forma como ele escreve, como ele analisa as coisas... simplicidade e profundidade é como o posso definir. Morro de amores por ti Miguel, agora que percebi que homem és!


Mas, não desdenhando de ti nem do Paulo, acho que morro mesmo de amores é do deserto!

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Simplicidades