quinta-feira, 16 de maio de 2013

A rede do trapézio

Estava no ritual de supermercado com o meu actual companheiro. Sou esquisita no que toca a compras de mercearia: preciso estar inspirada e com muita paciência para andar a vagabundear pelos intermináveis e incipientes corredores forrados de produtos que nem entendemos para que servem.

Ao passar para o corredor dos produtos de limpeza, olhei para o meu lado esquerdo, e enquanto o peso do meu corpo se apoiava no carrinho das compras, olhei para o corredor de puericultura. Sem pedir licença o meu coração transportou-me para uns longos anos atrás quando tinha uma outra relação estável e afectuosa repleta de sonhos de futuro. Nunca ignoravamos este corredor, estavamos sempre a par dos preços destes produtos, sempre a par das novidades desta área, sempre actualizados e interessados.
Aquilo foi amor e paixão incandescente  até ao último dia. E falamos de 6 anos! Foi a mais pura e transparente relação que tive até hoje. A mais bonita, dedicada e a mais saudável.

Não resultou. Está tudo muito bem arrumado dentro de ambos. Continuamos amigos daqueles que se contactam quando o mundo parece desabar e parece que mais ninguém irá entender o que sentimos naquele momento sem que tenhamos de fazer uma palestra sentimental de 40 horas. Agora somos aqueles amigos seguros o suficiente para passarmos 8 ou 9 meses sem nos falarmos, seguros que no dia da calamidade, sem dividas ou cobranças, podemos ligar e conversar um pouco.

Não tenho pena que não tenha resultado por que não iria resultar nem ali, nem mais 6 ou 60 anos depois.
Eramos protectores e dedicados demais para que pudéssemos crescer enquanto individualidades e enquanto seres autónomos. Claro que a dedicação é excelente numa relação, é o seu pano de fundo irrefutável, mas jamais quando não há margem para o outro ser independente. Há um equilíbrio sábio a manter aqui !

Só tenho pena de uma coisa: de imaginar que já vivi esta relação maravilhosa, dedicada, pura, doce e duradoira e ainda não ter encontrado quem me traga isto de volta. É uma construção de ambos é certo,  mas até agora ainda não fui capaz do voltar a construir nem de encontrar quem queira construir algo nesta medida, com esta intensidade que na realidade é simples! E como tudo o que é simples, é maravilhoso!!!

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