terça-feira, 28 de agosto de 2012

Inerte

O que faz de nós quem somos? Creio que existe um livro com este titulo. Tenho-o lá em casa há sensivelmente dois anos, em local privilegiado da minha estante mas nunca iniciei a sua leitura. O que faz com que não a inicie? Creio que existe uma resposta. Só não sei se a que tenho é a correta.

Eu sei quem fez de mim o que sou: todos os que se atravessaram na minha vida. Uns mostrando-me o que como um dia queria ser; outros mostrando aquilo que não queria. Criam-se referências, analisam-se perfis, testam-se papeis e sentimentos e depois encaixam-se aprendizagens e adoptam-se comportamentos em conformidade com tudo isso.

Será?

Identifico com tremenda facilidade três diferentes "Star" no que toca às relações interpessoais. a primeira era doce, abnegante, silenciosa, insegura, mas com limites muito claros para determinadas situações mais gravosas, fazendo cumprir tais limites.

A segunda, depois de magoada, pisada e desvalorizada descobriu que não precisava de nada de ninguém, que era uma mulher completa, decidida, inteligente, que tinha os melhores amigos do mundo, era independente, desejada, que tinha uma vida agradável e cheia...enfim, resultou numa Star que se tornou muito menos abnegante, continuou a ser doce mas só para que demonstrava merece-lo, não se entregava a ninguém, não deixava ninguém entrar no seu mundo, tinha e vivia a vida como queria sem prestar contas a ninguém e sem admitir qualquer tipo de cobranças. Olhando para trás percebo que perdi fantásticas oportunidades de ser bem amada, acarinhada e cuidada. Mas essa Star jamais poderia achar que precisava disso: eu era total e indubitavelmente auto-suficiente e pior: dava-me por bastante feliz de assim ser!!!

A terceira Star foi moldada pelo iniciar de uma relação curta mas intensa, tremendamente apaixonada e com compatibilidades inacreditáveis. Eramos iguais e por diversas vezes me sentia a olhar num espelho sabendo exactamente em que resposta ou atitude iria resultar um gesto meu. A nossa única diferença, e que tornou tudo compatível e delicioso, é que esta pessoa tinha facilidade em se entregar emocionalmente, não tendo necessidade de fazer jogo nenhum nem medo de mostrar que estava apaixonado. Sempre me tratou como uma verdadeira princesa: tanto que por vezes nem queria acreditar!!! Fazia-me crer que me venerava tratando-me com todo o carinho, admiração e delicadeza não me dando qualquer hipótese senão fazer-me sentir como alguém especial que tinha pequenas características fantásticas que eu mesma, em vinte e tal anos de vida, desconhecia. 

Este tratamento resultou na aprendizagem de que nos podemos entregar, dizer que estamos apaixonados, tratar o outro com todo o carinho e dignidade que ele merece sem nos sentirmos sofucantemente vulneráveis e dependentes. Esta relação fez com que dissesse a mim mesma "It is o.k. to be in love, Star! It is o.k. to be happy. It is o.k. to share your life with someone! It is o.k. . . ."

E agora nasce uma quarta Star, ainda em fase de estabilização: uma desconhecida Star que voltou a ser abnegante, que é doce sem que o outro mereça a 100%, que cala quando quer gritar, que tolera o que até então sempre considerou intolerável . . . Não conheço esta Star e ainda não percebi se gosto dela !

O caso está grave...o caso está grave! Não com o outro, mas principalmente comigo!
Bolas... mereço ser feliz ! Mereço ser princesa quando trato alguém como príncipe !

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