sexta-feira, 4 de outubro de 2013

E squeçam os desgostos de amor. Esqueçam as músicas melancólicas que nos faziam chorar. Esqueçam os arrufos de família. Esqueçam os medos de falharem num exame ou de darem um valente trambolhão a caminho do altar. Esqueçam o medo de que ele poderá estar a trocar olhares com outra.
 Estou grávida: não planeado. Não consegui fazer a interrupção que o pai da criança tanto desejava.
 Esqueçam as chatices no trabalho. Esqueçam o medo de ficar sem emprego. Esqueçam até a dor de terem perdido alguém que amam para a eternidade. Esqueçam isso tudo... A dor de ser rejeitada, odiada e abandonada pelo nosso companheiro e pai do nosso filho é algo sem explicação. Chegamos a sofrer mais por este ser humano rejeitar a nossa cria do que a nós mesmas. É o amor incondicional a falar mais alto, instintivamente.
 Dói desmedidamente. Dói mais ainda sentir que amamos o nosso filho e que todas as mudanças consequentes na nossa vida devido ao seu nascimento nem sequer serão sacrifícios, e que mais ninguém o ama desta forma.
 Dói imaginar o momento do parto, em que conhecerei o meu filho, sentirei o seu cheiro e ouvirei o seu choro, e ninguém mais o vai sentir assim, na mesma medida que eu, na medida de pai.
 Esqueçam todas as dores anteriores... só me ocorre uma dor que poderá ser maior que esta: ver um filho partir.



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Simplicidades